Não tenho MVP e daí?

O caminho para ter um MVP é muito mais complexo do que imagina. Vamos dar uma passada detalhada em todas as questões que envolvem o MVP.

Não tenho MVP e daí?

Bom, vamos lá!

MVP, Microsoft Most Valuable Professional, é praticamente um “prêmio” dado pela Microsoft aos profissionais de TI que compartilham seu conhecimento na comunidade. Muitos confundem essa recompensa com uma certificação, mas não é. Certificação, você estuda e faz a prova. Nesse caso é um reconhecimento pelo trabalho.

No caso desse prêmio da Microsoft, deveria ser “Não estou MVP”, já que esse “reconhecimento” é temporário, renovado anualmente, sendo necessário comprovação da contribuição a comunidade de TI, e mais ainda, indicação… muita indicação.

Aí você se pergunta: “Não tenho MVP e daí?” Calma!

O que interessa nesse artigo é outro MVP, Minimum Viable Product, que trata de algo do mundo de negócios e empreendedorismo, que resumo em uma versão de um produto com mínimo possível de funcionalidades e esforço, mas que seja possível agregar valor imediato.

Resumidamente é isso, mas… é mais complexo ter um MVP e você vai saber porquê.

 

MVP: #Minha ideia, meu filho, meu sonho

“Eu tenho uma ideia excelente de um sistema que irá resolver problemas de várias pessoas. Não quero compartilhar com ninguem, pois se alguém souber, poderá copiar essa ideia, então decidi desenvolver esse sistema sozinho em minhas horas vagas. Assim que a ideia chegou, já abri o Visual Studio e comecei a criar a primeira tela, posteriormente programei mais algumas regras e por fim, modelei um banco de dados para ele. O tempo passou e parei de desenvolver. Estava ficando complexo demais e eu não tinha mais tempo pra continuar.”

50 Erros Comprovados Cometidos por um Programador

Se você já vivenciou em algum momento da sua vida com esse cenário ou já viu esse filme, você faz parte da maioria.

Antes de chegar ao MVP do seu software, você precisa pegar essa sua ideia e passar por algumas etapas antes. São essas etapas que considero um dos motivos da complexidade que comentei anteriormente.

#Compartilhe sua ideia

Sim, compartilhe sua ideia. Não guarde para você, compartilhe com algumas pessoas de sua confiança, receba críticas ou sugestões. Mas não espere isso de seus pais, eles vão te apoiar sempre, mesmo não entendendo nada do que você quer fazer, afinal eles são seus pais!

Compartilhe sua ideia

Eu sei que você acha sua ideia genial e às vezes não abre mão de algumas coisas ou alguns caminhos a serem tomados, afinal, esse seu software é seu filho e ninguém mexe com o filho dos outros!

Uma sugestão que dou é: Abra o Google Forms e crie uma pesquisa com perguntas referente a sua ideia e mande o link para seus amigos, grupo da família, grupo da igreja, do trabalho etc. Com certeza irão responder e ajudá-lo em sua empreitada. PS.: só não compartilhe no grupo de putaria, com certeza irão te xingar.

Então compartilhe, converse… deixe o ego de lado.

 

MVP: #O Canvas e Startups

O Canvas é uma “ferramenta” para definir um modelo de negócio, que ajuda a estruturar todas as atividades necessárias para agregar valor e lucro para o seu negócio. Basicamente consiste em responder 9 perguntas com o maior número de informações possível, tentando ser bem específico.

Canvas Sebrae

  • Segmento de Clientes : Para quem irá vender? Quem é seu público-alvo? Quem são os concorrentes?
  • Canais : Quais canais de comunicação você terá com seus clientes?
  • Relacionamento com clientes : humano, pessoal cara-a-cara, automatizado com robôs?
  • Fontes de Receita : como irá vender? o que irá vender? quanto vai ganhar? quando?
  • Recursos principais : o que é preciso para colocar em prática? Computador novo, local de trabalho, contratar pessoas etc.
  • Atividades-chave : o que é necessário fazer para conseguir o seu objetivo. Nesse caso, do software é programar.
  • Parcerias principais : quem irá ajudar? fornecedores?
  • Estrutura de custos : com o que irá gastar? hospedagem do site? ônibus para locomoção?

Existe todo um padrão para responder essas perguntas, para mais detalhes aqui está o link do Sebrae, pois, foi a partir de um curso de Startups no Sebrae, que mudou minha forma de ver o mundo do ponto de vista dos negócios.

Se você preencher o Canvas, há uma grande chance de você desistir da sua ideia/projeto ou que ele seja parcialmente modificado, mudando público-alvo, escontrando novas funcionalidades e até mudará a forma de vendê-lo. Sempre que preencho o Canvas, tenho muito mais visão do que quero e onde quero chegar.

 

MVP: #Análise de Viabilidade de Mercado

Após compartilhar sua ideia, receber críticas, sugestões e ter feito a pesquisa entre seus colegas, agora, aquela sua ideia inicial pode ter evoluído ou se modificado, então já é hora de fazer um MVP… sqn!

Um dos passos mais importantes é a viabilidade de mercado. Será que sua ideia vende? Será que é viável? Custoso? Leva tempo? Com quem você irá concorrer? Será que você poderá enfrentar problemas políticos, econômicos, legais ou culturais com seu software ou ideia?

Sobre a sua ideia ou software, não me venha falar que “isso não existe no mercado”, pois é o que todos dizem. Ninguém compra um sonho, mas sim um plano de negócios. Abaixo listei alguns dos itens de análise de viabilidade de mercado:

  • Econômico-financeira : normalmente focado em conseguir um investidor ao projeto.
  • Técnica ou tecnológica : tem tecnologia para fazer esse projeto?
  • Legal : tem algum risco de eu ser processado por usar algum componente?
  • Operacional : quantas pessoas vou precisar? que tipo de mão-de-obra preciso?
  • Ambiental : há impacto ambiental?
  • Mercadológica (de marketing, ou de mercado) : consumidores, concorrentes e fornecedores.
  • Política : se mudar a legislação vai “matar” o projeto?
  • Fiscal : mudanças fiscais, taxas, impostos, burocracia…
  • De localização : base operacional, custos de locomoção, segurança.
  • Social : impacto social, destinação final do produto.

Tem um site interessante que detalhe bem todos os passos da viabilidade de mercado, você pode conferir aqui no Projetos e TI clicando.

E aí, já esqueceu do MVP?

Eu Apoio Fabio Silva Lima


MVP: #O Plano de Negócios

Você chegou a conclusão que seu projeto/ideia/software tem potencial de mercado, já sabe quem são os concorrentes, quanto tempo vai levar para desenvolver, quais os custos envolvidos, questões legais, fiscais etc. Ou seja, você fez toda a lição de casa e então agora é hora de documentar tudo e fazer um planejamento. Tudo isso junto é o plano de negócios.

Para completar o plano de negócios, é necessário responder:

  • Identificação de Oportunidades : idealização, criatividade.
  • Elaboração do plano de negócios : quais modelos de negócio sustentarão o projeto.
  • Captação de recursos : empréstimo, investidores, parcerias, pessoas.
  • Gerenciamento : responsabilidade de manter a empresa.

Com detalhe e riqueza, o Sebrae tem um vídeo explicando todas essas etapas, vale a pena assistir.

Plano de Negócios Sebrae

O plano de negócios é a pior de todas, pelo menos pra mim, que estou focado em área técnica, de arquitetura e desenvolvimento de software.

Quando fiz o curso Estratégica Empresarial no Sebrae ministrado por Cássio Ferraro, sou outra pessoa, com outra visão do que é uma empresa e quais as dificuldades de se lançar um produto no mercado, seja ele qual for.

A propósito, Cassio Ferraro é uma das 30 Pessoas que Influenciaram Minha Carreira Profissional.

30 Pessoas que Influenciaram Minha Carreira Profissional

 

MVP: #Fazer mais com menos

MVP, fazer mais com menos

A imagem ilustra bem o que é e o que não é um MVP. Você quer fazer um carro, então não adianta lançar uma roda como MVP e ir evoluindo com chassis, outra roda e depois o carro todo em si. Em metodologia ágeis, poderia até ser a entrega de uma Sprint, mas não um MVP!

E não adianta também, começar com um patinete e futuramente torná-lo um carro. Nesse ponto de vista, o projeto inicial foi totalmente modificado. Há controvérsias nesse modelo, se você queria chegar em um carro, acredito que está incorreto, patinete não é carro! Agora se você queria fazer “algo se locomover”, começou a fazer um patinete e chegou em um carro, aí tudo bem. Ambos se locomovem!

Se você quer fazer um carro, seu MVP tem que ter rodas e se locomover! Aí sim, você vai evoluindo para deixá-lo mais bonito, seguro e com mais funcionalidades. No MVP, o carro já se locomove, já agregou valor!

Outro ponto de vista que você tem que ter em mente ao definir o MVP, é obviamente o que contemplará nesse MVP, mas também onde você quer chegar, ou seja, o que será contemplado em versões futuras.

Não tenho MVP e daí?

Ao identificar as funcionalidades no seu MVP, no caso de software, o que é preciso fazer para lançar o software com mínimo de esforço possível mas que já possa “ganhar dinheiro“ com ele?

Exemplo do meu Blog, eu lancei um MVP, comecei com o Blog com 2 páginas e 5 artigos, mas também com um planejamento onde eu quero chegar. Então, com o tempo fui aprimorando esses mesmos artigos, depois criei uma homepage mais apresentável, configurei o SEO para os buscadores, fiz o marketing digital e escrevi meu primeiro livro. Livro esse que você pode baixar gratuitamente clicando na imagem abaixo.

DESIGN PATTERNS vol.1

Se eu fosse esperar todo esse tempo para fazer um blog do jeito que ele está hoje, provavelmente não teria feito ou teria sido um desastre.

Após o lançamento do seu MVP, você precisa monitorá-lo para saber o andamento da aceitação, visitas, comentários, tempo de acesso entre outras informações. Pesquisas de satisfação são bem-vindas também.

Não tenho MVP e daí?

No caso do Blog, eu monitoro através da automação do Google Analytics e Google AdSense. Mas acredito que o mais importante sejam os e-mails de contato, onde recebo sugestões e críticas da galera. Isso me ajuda o reposicionamento e direcionamento do blog.

Ao final, tudo resume-se a “business”.

 

MVP – #Exemplos nas empresas

(fonte: Endeavor Brasil)

Facebook
A rede social de Mark Zuckerberg foi testada, inicialmente, para dentro dos muros da Universidade de Harvard. O período em que a rede atingia apenas os alunos da comunidade universitária foi importante para que o jovem Mark promovesse alterações fundamentais, em linha com o que foi se revelando necessário ao longo do processo de validação.

Groupon
A primeira versão do Groupon era um site extremamente simples, feito em wordpress e que gerava cupons em pdf, os quais eram enviados de forma manual a cada interessado. Bem diferente da estrutura que vemos hoje, não?

Apple
Por mais incrível que pareça, o iPhone 1 era o típico exemplo de Minimum Viable Product (Produto Minimamente Viável). O aparelho não possuía algumas funções básicas, como copiar e colar, além de exigir download obrigatório do iTunes para ativação. O objetivo aqui era claramente segurar algumas funcionalidades para que fossem lançadas nas versões seguintes do equipamento, gerando ansiedade e euforia entre os clientes.

Foursquare
Antes de ir a campo, o serviço de localização (que permite que as pessoas deem “check-in” em locais visitados, bem como suas opiniões sobre eles) coletou um universo de depoimentos e sugestões de possíveis usuários, por meio do Google Docs, além de disponibilizar uma versão mais restrita do produto a um grupo seleto de “futuro clientes”.

 

MVP – #Finalizando

Meu colega me disse: “Não tenho MVP e daí?” Se você também tem esse pensamento, ou seja, que isso não adianta ou não tem muita importância, só posso te desejar boa sorte, que você prospere muito em sua empreitada. Por experiência, profissionalmente não faço nada sem um MVP.

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Obrigado e até a próxima!

Sobre o Autor:
Trabalha como arquiteto de soluções e desenvolvedor, tem mais de 18 anos de experiência em desenvolvimento de software em diversas plataformas sendo mais de 16 anos somente para o mercado de seguros.
Revisado por:
Paulistano, 21 anos apaixonado por tecnologia, trabalho com desenvolvimento de software atuando com .NET / Xamarin / AngularJS / ASP.NET CORE / MVC.


Profissional focado nas boas práticas de engenharia de software, atuando há 18 anos com desenvolvimento de robustas soluções corporativas. Atualmente é arquiteto de software na IVIA Soluções e Tecnologia prestando serviços para Secretaria de Estado da Tributação do Governo do Rio Grande do Norte (SET/RN), onde é responsável por planejamento de arquiteturas para o sistema fazendário do RN. Além disso, é aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Software da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sempre que possível, atua na comunidade como palestrante em eventos técnicos da Indústria.